III Trail do Calhandriz

Se ontem ainda estava na dúvida se punha a hipótese de fazer mais algum trail na vida, as dores que tenho hoje dizem-me categoricamente que não! Isto a juntar às diversas vezes que ia mandando quedas (sim não cai!), ao sem número de vezes que torci os pés, ao esforço enorme que a prova foi (isto não é um argumento...), entre outras coisas que me devo lembrar durante o post, posso afirmar que nunca mais vou fazer um trail na vida. O azar é que já por muitas vezes fiz promessas que não cumpri na corrida...

Como já falei aqui pela minha tasca, acordo todos os dias às 6:30 para treinar. Para esta prova que foi uma segunda (feriado), nem pude atrasar o despertador. 7:30 já estava com o pessoal da minha equipa e foi tempo de pormos os carros em marcha para Calhandriz. Pelo menos para o meu primeiro trail fui para um sitio perto. Meia horinha de caminho. Dorsais distribuídos, casa de banho, aquecimento incrível de menos de 5 minutos (sem ser seguidos!) e siga para a partida. Antes disso ainda a comédia de eu não saber que tem de se levar um recipiente para a água. O Rui emprestou-me, mas acabou por nem ser preciso pois davam água em copos de plástico. Ah e tal espera lá que isto ainda tem um briefing! Ai que é preciso explicar o caminho que se vai enfrentar! Vá tem piada :p

Partida dada e toda de subir por asfalto e empedrado. Umas voltinhas na aldeia e entramos em trilhos. Ainda agora começou e já me está a enervar, ali filinha indiana sem nos pudermos ultrapassar. Mas pronto tranquilo, tinha muitos professores (pessoal da equipa) que me explicaram isso. Outra coisa que me fazia confusão eram andar/caminhar numa prova de corrida. Aos 2 quilómetros já sabia o que isso era. Uma subida tão inclinada que não a consegui fazer em passo de corrida. Agora em retrospetiva, penso que foi falta de confiança, porque fiz algumas piores durante a prova em passo de corrida.

Depois começámos a descer. Eu que tinha combinado ir com o Kikas, disse-lhe logo na segunda descida: segue! Porquê? Porque naquele momento e em quase toda a prova eu fiz as descidas mais lento do que fazia as subidas. A sério, eu estava borrado a fazer as descidas. Não tenho mesmo mentalidade para arriscar nisto. Acabei por ficar para trás até ficar completamente sozinho. Tinha a noção que seguia em 6º por esta altura.

Fonte: Ana Afonso
Muita descida e pouca subida, assim foi até aos 6 quilómetros. A partir começo um sobe e desce que durou alguns quilómetros. Aos 8 quilómetros tive o incentivo que precisava. No horizonte comecei a ver um atleta que seguia à minha frente. Passado umas centenas de metros consegui ultrapassá-lo. Passado mais uma centena de metros estava a passar por dentro de um tubo largo. Não vou comentar isto. Só um inglesismo: WTF!?!?!

Aos 10 quilómetros a minha única dúvida nas marcações. Mas esperem não culpa da organização, a culpa é do estúpido cá do sítio. Chego a um autêntico cruzamento (podia ir para a esquerda, direita ou em frente). Em frente estavam duas fitas bem grandes e eu a olhar para os lados. Quando já ia lançado para a direita, vejo as fitas. Urso.

Até aos 12 quilómetros foi uma alegria, os meus gémeos já ardiam nas subidas. Começo a sentir também a dor agradável de uma bola a surgir no pé direito. Por esta altura, tinha outro atleta no meu horizonte, mas esse percebi que não o iria conseguir apanhar. Começam então as belas das descidas, umas mais técnicas outras nem tanto, mas que eu travava que nem um maluqinho (tenho pena dos meus quadrícipes). Aos 14 quilómetros tomei um gel (a única coisa que levei para este trail... sou mesmo um tótó de estrada) e não me caiu mal.

Mais umas subidas bem fortes e começa a festa do bom andamento para os quilómetros que nos levariam até à meta. Bem sequinho, ténis "novos" só com algumas sujidade (dei-me ao trabalho de comprar uns ténis, esperem pela análise da tanga como sempre), espetáculo. Seguia por um estradão todo lançado e vejo asfalto! Agora é que vão ver!!! Vejo um rapaz e assumo que vou bem, entro no asfalto que dava para uma ponte e o rapaz "é para aqui é para aqui!". O para aqui era por baixo de uma ponte onde passava um ribeiro. Era mais lama que outra coisa, mas cheguei a ter lama pelos joelhos. Enfim.

Mais uns trilhos e finalmente o caminho para a meta. termino em 5º da geral com 01h41m30s. Não foi mau mas também não foi bom. Foi giro mudar de ares, experimentar coisas novas. Mas deu para perceber que não tenho, desculpem a expressão, colhões para a cena. Mas repito, foi uma boa experiência e percebo que para quem anda na frente as provas de trail conseguem ser muito duras mesmo.

Tenho a agradecer ao meus queridos colegas de equipa que até me convencerem a inscrever sempre me disseram que era um trail fácil e plano. Depois de feitas as inscrições, mudaram de discurso: "ah e tal é durinho". Também se lixaram que a organização alterou o percurso e ficou mais duro! Por outro lado ficamos em 2º por equipas e tivemos duas mulheres no pódio feminino! Espetáculo!



Bem e agora descansar e treinar para o próximo tra... ahahah NÃO! :)

Classificações: 3º Trail do Calhandriz

3º Trail do Calhandriz
abril 26, 2016
6

Comentários

  1. Ainda vou ler aqui muito relato de trail ... ahaaaaaa
    Abraço

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  2. Respostas
    1. Nunca mais não digo, mas enquanto estiver com as dores que estou (sim passado mais de uma semana), nem tal me passa pela cabeça lol

      Abraço

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  3. ahaha fartei-me de rir com o teu relato! Vá, não foi assim tão mau de certeza!

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    Respostas
    1. Sim não foi assim tão mau :) O problema foi e está a ser os dias a seguir...

      Abraço!

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