Analisando os Ășltimos anos desta minha vida de atleta wannabe, consigo perceber que houve uma mudança da forma como encaro o atletismo. Passei pela fase normal de fazer todas as provas e mais algumas, para a fase de ser seletivo nas provas que fazia, para a fase de que jĂĄ sĂł me interessa ir Ă s provas onde realmente posso ir buscar um sentimento de competição real, ou seja, provas onde encontro atletas melhores do que eu. Que me desafiem a ser melhor. Que me “humilhem” por estarem num nĂvel completamente diferente. E Ă© nisso que me tenho focado. Claro que faz parte continuar a ir a provas populares, mas essencialmente sĂŁo as provas de nĂvel federado que neste momento me interessam.
Depois de Salvaterra, decidi abdicar de ir aos Sinos, que Ă© uma prova que adoro. Mas sendo o meu foco este Campeonato Regional de Estrada, preferi ter um bloco de treinos completamente focado para esta prova, sem distraçÔes pelo meio. E isso incluiu tanto um foco no treino como no campo nutricional. Posso dizer que nĂŁo me encontrava em tĂŁo boa forma talvez desde o Grande PrĂ©mio de Natal. Mas a verdade Ă© que nem tudo sĂŁo rosas. Se atĂ© Ă semana passada me sentia a 100% e sem queixas a nĂvel fĂsico, a semana antes desta prova andei Ă luta com um inĂcio do sĂndrome da banda ilio-tibial. NĂŁo posso dizer que cheguei em perfeitas condiçÔes a este sĂĄbado, mas tinha noção que mal começasse a correr, a coisa iria "desaparecer".
Tenho trĂȘs coisas que irei enumerar neste artigo sobre a organização deste Regional. A primeira sem dĂșvida foi o dia da prova escolhido. Eu sei que o desporto nĂŁo para (e acho muito bem) em Ă©pocas de festas. Mas a verdade Ă© que marcar um Regional que acaba por ser direcionado para atletas amadores (mesmo que federados) num sĂĄbado antes da PĂĄscoa (eu nem ligo muito honestamente), com um fim-de-semana prolongando, Ă© estar a pedir que muitos atletas simplesmente nĂŁo compareçam nesta prova. E atenção que a prova estava inicialmente marcada para domingo de PĂĄscoa. EntĂŁo ai era a morte do artista. Mas neste primeiro ponto, terei que dar a mĂŁo Ă palmatĂłria (vĂĄ as pontas dos dedos apenas), pois atĂ© havia uma moldura humana bastante aceitĂĄvel, embora claro que faltassem algumas caras conhecidas pelas razĂ”es jĂĄ enumeradas (meus conhecidos diretos e nĂŁo sĂł).
Avançando para o segundo ponto, e começando a falar da prova propriamente dita: a hora da prova. Foi feriado na sexta. Sim nĂŁo havia forma de adivinhar que iria estar um dia de VerĂŁo no sĂĄbado. Mas porque nĂŁo fazer a prova de manhĂŁ? AliĂĄs, isto faria tambĂ©m bastante sentido tendo em conta o que jĂĄ transmiti no primeiro ponto. Resultado, um calor abrasador na hora da prova. Mesmo no aquecimento, que devido Ă grande recta final do circuito da prova, causou um convĂvio bastante porreiro entre todos os atletas que estavam a aquecer, jĂĄ estava um calor que fez qualquer um transpirar e acabar o aquecimento jĂĄ com bastante sede.
Hora de ir para a partida e aqui todos os atletas da frente tĂȘm que agradecer Ă AAL que permitiu aos atletas posicionarem-se mesmo de lado na partida, evitando congestionamentos desnecessĂĄrios no bloco (central) da partida. Outra coisa que nunca vi acontecer, foi uma prova começar antes de tempo: exatamente trĂȘs minutos antes da hora. Compensa aquelas provas que começam 10 minutos depois. Mas jĂĄ estou farto de escrever e ainda nem comecei a correr! EntĂŁo vamos lĂĄ: o inĂcio foi rĂĄpido mas controlado. Rapidamente se formou um grupo na frente da corrida que eu consegui integrar graças ao facto do ritmo nĂŁo ser completamente louco. Seguia distanciado deste grupo um atleta do Povoense que naturalmente acabou por apenas ter gĂĄs para algumas centenas de metros.
Depois do primeiro quilĂłmetro a 3:15/km (isto sem qualquer declive negativo), o ritmo aumentou ainda mais mesmo tendo em conta que o declive continuava a aumentar. O segundo quilĂłmetro foi feito a 3:09/km e nesta altura comecei a duvidar se nĂŁo estaria a abusar da sorte. Mas sentia-me bem! Respiração controlada, passada sem deficiĂȘncias por cansaço, apenas algum congestionamento nos gĂ©meos talvez devido ao calor. Penso que o efeito de estar a correr em grupo tenha contribuĂdo para o meu desempenho na primeira parte da corrida. Por esta altura, o Bruno Lourenço (que representou o Sintra) decidiu dar um esticĂŁo no grupo e ir lançar-se para a frente declarando o seu objetivo de ganhar a prova (adorava ter visto a parte final em que um atleta do Benfica acaba por ganhar a prova). O resto do grupo, que neste momento resumia-se a cerca de 5 atletas, manteve-se junto e seguĂamos a bom ritmo.
Depois de mais um quilĂłmetro a 3:15/km, seguiu-se outro jĂĄ a uns loucos 3:04/km devido ao declive negativo do quarto quilĂłmetro. Foi nesta descida que o grupo se começou a partir, e quando chegĂĄmos ao quinto quilĂłmetro que nos levaria novamente Ă zona da partida, jĂĄ nĂŁo existia grupo nenhum. Eu consegui estar por algumas centenas de metros em 4Âș lugar da geral, mas acabei por pagar a fatura do calor/esforço da primeira volta. Se o primeiro quilĂłmetro do percurso tinha sido feito a 3:15/km, no equivalente da segunda volta, foi feito a 3:30/km. Mas honestamente, foi igual para todos (foram tantos os atletas que desistiram...). NĂŁo posso dizer que tenha perdido 10 lugares e que toda a gente me ultrapassou. No meu campo de visĂŁo vi toda a gente a abrandar o ritmo e apenas fui ultrapassado por uma atleta veterano da Run Tejo, que mais tarde viria a ultrapassar tambĂ©m o meu colega de equipa IsaĂas.
A segunda volta foi feita em modo sofrimento, sempre sozinho, alternando com alguns momentos de bom ritmo e outros completamente sofrĂveis (cheguei a ver o relĂłgio com ritmos acima dos 4:00/km). Indo para a minha terceira e Ășltima crĂtica desta prova, Ă© o facto de ter sido escolhido este percurso para um Regional de Estrada. Uma circuito de duas voltas, com uma altimetria horrĂvel. A certa altura por volta dos 7km, cheguei ao cĂșmulo de apanhar o fim do pelotĂŁo (nada de mal nisso), tendo que andar a circundar a ambulĂąncia e a fazer uma curva de 90Âș em que passei a escassos centĂmetros da ambulĂąncia e do passeio. Era suposto o quĂȘ? Ir pelo lado de fora da ambulĂąncia e arriscar-me a levar com um carro do outro lado? Sim porque ainda vi carros que nĂŁo obedeceram propriamente Ă s regras da PSP. VĂĄ lĂĄ AAL, vocĂȘs sĂŁo capazes de melhor. A prova decorreu com um excelente ambiente (na zona da partida /chegada, jĂĄ o resto foi um deserto), sempre com um clima de festa do atletismo, mas de resto... bastante sofrĂvel.
Deixem-me dizer que nem uma vez olhei para trĂĄs nesta prova atĂ© ao Ășltimo quilĂłmetro. E honestamente nem dessa vez consegui ver alguma coisa de jeito e perceber se estaria Ă vontade. Percebi que tinha 1/2 atletas perto mas nem sabia se eram atletas que iam na primeira volta ou atletas que seguiam no meu encalço. Mesmo assim juntei todas as rĂ©stias de força que ainda tinha e puxei atĂ© Ă meta. O resto vocĂȘs jĂĄ sabem.
Passei a meta em 5Âș da geral e 3Âș sĂ©nior neste Campeonato Regional de Estrada! Isto com um tempo de 32m28s, acabando com uma mĂ©dia de 3:18/km. Mesmo com a quebra da segunda volta, acaba por ser uma mĂ©dia bastante aceitĂĄvel. Coletivamente, fomos CampeĂ”es Regionais por equipas masculinas e femininas (veteranos), e ainda obtemos o 3Âș lugar por equipas masculinas (absolutos). Brilhante! Eram tantos atletas com a camisola do Belenenses, que atĂ© metia impressĂŁo.
Agora segue-se um novo e longo bloco de treino, para novos objetivos, completamente diferentes das Ășltimas Ă©pocas. Mas mais tarde iremos falar sobre isso.
Resultados: Campeonato Regional de Estrada 2022
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