4.ª Corrida Nacional dos Professores e da Educação

Em conversa com um atleta da minha equipa no final da prova perguntei-lhe como lhe tinha corrido, ao que ele me respondeu “correu muito bem, estou-me a sentir mesmo bem!”. Eu de imediato o elogiei porque é raro encontrar um atleta que não diga as desculpas do costume e depois até faz grandes resultados. E contra mim vou falar desta vez, pois eu desde há umas semanas que digo que esta prova “não me interessava” e que só vinha mesmo para treinar em ritmo de competição. Mas é aqui que eu honestamente me quero distanciar do típico discurso: vir treinar em competição, não significa que eu não estivesse presente para dar o máximo que tinha. E foi isso que tentei fazer.

Para terem noção, o meu normal numa semana antes de uma prova importante é o seguinte: os treinos baseiam-se em corrida contínua de 40’ a 30’ (para chegar fresco ao dia da prova) e um dia de treino de intervalado com 8x300m ou 8x45’’, algo assim. Eu esta semana para além de treinos de 50’, fiz 15x1’ (sem me segurar nada). A única coisa de diferente esta semana, foi não fazer treino intervalado com séries longas (a prova foi um pouco para substituir isto). Fiz 40’ na sexta e sábado foi dia de descansar as pernas de manhã para poder atacar a prova à tarde. E ainda vos posso dizer que estou a escrever este artigo na manhã de domingo depois de ter feito 60’. Por favor não pensem que estou com este discurso para dizer que sou o maior da minha rua, apenas quero transmitir que esta prova foi mesmo pensada para estar integrada num plano de treinos que não removesse carga praticamente nenhuma para a fazer, e assim apenas dar um estimulo diferente de uma semana normal de treinos.

Treinos à parte, no sábado à tarde encontrei-me com a equipa do Belenenses no nosso estádio, aproveitando o facto da prova ser muito perto do mesmo. Dorsais, equipar, fotografias, e ir para a zona de partida para fazer o aquecimento. Gostava de ter aquecido mais uns minutos, mas para variar o tempo passou a correr. Antes da partida estava tranquilo, sabia que as condições meteorológicas estavam longe das ideias (vento e a ameaçar chover), mas era igual para todos e para o objetivo final isso pouco interessava.




Partida dada. E é aqui que se vê que às vezes ainda temos muito para aprender. Parti mal, mas mesmo muito mal. Depois da reta da partida existia uma curva de 90 graus para a direita. Eu na tentativa de fugir do maranhal inicial, aproveitei demasiado pela esquerda e curvei muito tarde mesmo. Resultado? Perdi mesmo muita distância para os grupos da frente. Tive que aplicar uma dose desnecessária de esforço extra para recuperar, mas também acabei por ter juízo e olhando para o grupo que seguia na frente depressa percebi: dois pelo menos iriam cair facilmente, e os outros três teria que perceber durante a prova. Assim o foi. Ainda nem tínhamos chegado ao primeiro retorno aos 2km, já dois dos atletas tinham ficado para trás. Encontrava-me neste momento na 4ª posição, e só após o retorno feito percebi que seguia algo isolado na mesma. Escusado será dizer, que com dois retornos, só muito tarde na prova é que preocupei em olhar para trás. Mas lá iremos.

Expliquem-me onde raio estava eu a ir...
É interessante que a minha média foi bastante regular, 3:15, 3:15, 3:11 (aquele pequeno “turbo” após o retorno ao deixar de levar com o vento contra), 3:14, 3:13, 3:13… já perceberam a ideia. Fui percebendo com o passar dos metros que um dos atletas que seguia no grupo da frente foi ficando para trás. A (alguma) experiência que já vou acumulando neste anos, diz-me que nestas situações e ainda sendo tão cedo na prova, não vale a pena puxar. Mantive o ritmo (como perceberam pelo que disse antes) e sabia que mais tarde ou mais cedo havia de apanhar esse atleta. Aos 5km já estava a correr lado a lado com ele.

Por volta dos 6km acontece uma situação caricata, mas que ao mesmo demonstra a diferença de qualidade que ainda me falta atingir para alguns atletas. Um dos dois atletas que seguiam na frente de repente parou e parecia ter desistido. Quando passamos por ele, ensaiou uns passos de corrida a juntou-se a nós. “Deu-me uma dor de burro”, disse ele, ao que eu respondi “então bora lá!”. Companhia para correr naqueles ritmos é o que a gente quer. Mas isto durou uns 30 segundos meus amigos. Ele (Hugo Rocha) vira-se para mim “bora apanha-lo” (referindo-se ao primeiro atleta), e eu “bora lá” (pensando, nunca na porra da vida o apanho). E segui com o Hugo durante umas dezenas de metros. Quando dei por mim, tinha-me descolado do André Costa (atleta que seguia comigo desde os 5km), mas o Hugo também não tardou a ir à sua vida. Fiquei então completamente isolado no 3º lugar, com o pior ainda para vir. O retorno aos 7km.




Ao fazer o retorno, percebi que seguia com uma margem confortável, mas não podia abrandar. Sabia que ia apanhar com vento de frente, mas iria ser o mesmo para quem seguia atrás de mim. O ritmo desceu para 3:18/km e rapidamente, entrei em modo sobrevivência para os últimos 2 quilómetros. Médias acima de 3:20/km, mas graças ao apoio magnifico que ia tendo de quem vinha do lado contrário e que me avisava que ia à vontade, consegui estabilizar mentalmente. O objetivo daquele dia estava feito: meter ritmo competitivo, mais algumas aprendizagens, e ainda surpreender-me a mim próprio ao manter durante 7 quilómetros uma média de 3:15/km. À entrada do último quilómetro finalmente olhei para trás e percebi que seguia à vontade. Mas continuei a dar o que tinha, não tendo sequer bem noção para que tempo final ia.




Acabei por passar com um tempo final de 33m03s, ficando em 3º classificado da geral. Para terem noção, o primeiro da geral fez 31m46s. O nível acabou por estar bastante interessante e para uma prova algo “desprezada” até por mim, sem dúvida que foi surpreendente ver estes tempos nos atletas da frente.




Agora seguimos para umas semanas de trabalho! Próxima paragem, Regional de Estrada!


Corrida Nacional dos Professores e da Educação
outubro 23, 2022
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