Campeonatos Nacionais de Estrada 2024



Em 2023 não estive presente no Campeonato Nacional de Estrada por opção do clube devido à viagem enorme que seria (Viana do Castelo). Com isto, não será com nenhuma surpresa que digo que estava entusiasmado com esta prova. Reservei um bom bloco de treinos (5 semanas depois da última prova) e mesmo apesar de na última semana ter tido algumas questões que me deitaram mais abaixo psicologicamente, os dois dias que antecederam a prova, trouxeram o ânimo de volta ao de cima.

Reforço, os dois dias. Porque na noite anterior, apesar de ter ignorado os sinais, senti que algo não estava bem a nível intestinal. Mas pensei, isto amanhã estou fino. Quando acordei, não estava. Fui à casa de banho em casa, fui à casa de banho numa estação de serviço (levei carro cheio com colegas de equipa), fui durante o aquecimento e ainda fui antes da partida.


Com isto, claro que cheguei ao bloco de partida tarde (arrastando nesse atraso o meu colega de equipa Natanael). Basicamente partimos atrás do pórtico de partida, o que nos exigiu ter um extremo cuidado ao partir, pois estávamos literalmente em sardinha em lata, mesmo integrando o bloco de elite.

A partida essa foi rápida mas feita com muito cuidado. Ainda houve o cúmulo de um atleta (nem vi quem era) me ter empurrado com bastante força nas costas. Vou deixar este assunto assim para não dizer algumas palavras feias. Nunca faria isto a nenhum atleta, nenhum de nós naqueles ritmos está ali por profissão (e mesmo que estivéssemos…), e a nossa segurança pessoal é infinitamente mais importante. Coisa que esse atleta meteu em xeque.




Por volta dos 2km deu-se o primeiro retorno e a partir daqui acabou-se uma certa sensação de “abafamento” e passou a haver espaço para correr de forma mais livre. Fui integrando vários grupos e apesar de ter mantido sempre uma velocidade bastante similar quilometro após quilómetro (entre 3:05/km e 3:09/km), tive vários momentos em que via um grupo mais à frente, e descolava para os apanhar.

Ao 5 km veio o primeiro sinal de alarme. Apesar de estar sempre com um ligeiro desconforto, foi nessa altura que senti pela primeira vez que algo podia correr mal. Ao 6 km percebi que o inevitável ia acontecer, e ao 7 km à primeira oportunidade tive que encostar. Peço desculpa ao dono/dona do canteiro da vivenda que sujei. Pode ser que a chuva tenha ajudado a limpar algo. Chuva essa que durante a prova até deu algumas tréguas, tendo chateado mais durante o aquecimento.

Só ao final do dia depois do meu treinador ter analisado a prova é que soube: foram 56 segundos parado. Arrancar foi um martírio. Não voltar a integrar o grupo de atletas com quem eu seguia foi desmotivador. Mas eu estava ali para ajudar o Belenenses a fazer uma boa classificação e por isso comecei a dar tudo o que tinha. E o que ainda tinha apesar de dar para manter ritmos parecidos aos que estava até aquele momento, os minutos e os segundos começaram a parecer um martírio tal era o esforço que estava a fazer. Esse esforço em nada era comparável com os quilómetros antes da paragem que seguia a uma velocidade bem mais alta.

Passei até pelo Natanael e ele disse “o que é que estás aqui a fazer?!” ao que eu só consegui responder com um “Pois”. A parte final da prova foi bastante chata com algum sobe e desce, poças de água bem maiores do que até ali e algum empedrado. A prova acabou no sítio onde começou, numa incompreensível praça com empedrado molhado e escorregadio que em nada ajudou na segurança dos atletas. Cruzei a meta, a Michele olha para mim preocupada e pergunta “Então?!” e eu apenas consegui fazer um gesto que não queria falar naquele momento.

Refletindo mais tarde, na minha cabeça terminei com dois tempos. Tive que pensar assim para poder manter a motivação. Tempo de relógio 31m49s e tempo oficial de 32m46s, acabando em 99º da geral. A motivação tem de vir do que eu fiz até ao 7 km. Apesar de eu até ao dia anterior da prova nunca ter pensado ser possível bater outro recorde pessoal, no dia prova (mesmo com desconfortos) tive excelentes sensações no aquecimento. Até ao 7 km eu seguia solto, e estava a fazer ritmos de recorde pessoal, e com 3 km para acabar sei que iria aumentar o ritmo e facilmente, sim facilmente, iria fazer o tempo que o meu treinador me desafiou a fazer. Eu disse-lhe que ele estava maluco quando me disse aquilo. Neste momento sei que não.

Portanto como é que eu saiu desta prova? Quase com sabor a recorde pessoal. Se sou maluco ou idiota por pensar assim? Que seja. Neste momento sei que é uma questão de tempo e (muito) trabalho até lá chegar. E eu vou lá chegar.


Campeonato Nacional
janeiro 18, 2024
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