Esta foi daquelas provas que não estava propriamente planeada. O plano era fazer as Fogueiras e fechar esta parte da época, mas dado que ainda iria estar uma semana a treinar antes de ir férias (que até acabaram por não acontecer), decidi encaixar esta prova para fechar com uma corrida entre amigos e caras conhecidas, e claro está, na terra que me viu nascer.
A prova foi a uma sexta-feira à noite, o que já possivelmente limitaria os atletas na prova, mas para piorar, foi logo calhar em dia de jogo da seleção (penso que foi Portugal-França). Mas felizmente o que se assistiu foi a uma boa moldura humana como podem ver na foto da partida em baixo.
Depois de um bom aquecimento com o meu colega de equipa Bruno Lourenço, seguimos para o bloco de partida, e após alguma cerimónia como é apanágio nas provas em Odivelas, foi dado o tiro de partida. Neste dia não me sentia particularmente preparado para uma competição. Para ser verdadeiro, muita coisa estava a acontecer nestes dias, e na minha cabeça o modo competitivo já estava desligado desde as Fogueiras. Mas tinha-me comprometido comigo próprio que não iria desistir de estar presente, mas esse sentimento algo negativo refletiu-se nos momentos iniciais da prova.
Deixei-os ir para a frente como o fiz nas provas desde que voltei da paragem forçada, e rapidamente fiquei para trás, passando o primeiro quilometro em 6º ou 7º lugar. Não me preocupei minimamente, estava ali para me divertir, e mesmo assim o ritmo desse primeiro quilómetro tinha sido feito a 3:08/km. O percurso desta prova é o tipo de percurso que eu gosto, nem demasiado sobe e desce, mas de todo nada plano. Tal como foi mais que estudado, os ligeiros desníveis numa prova ajudam a musculatura a reagir aos diferentes estímulos do piso e às pernas a não ficarem “habituadas” aos movimentos monótonos e repetitivos. Se gostarem deste tema, aconselho-vos a ver o documentário sobre todos os estudos científicos que foram feitos para o Kipchogue quebrar a barreira das 2 horas (e porque não o conseguiu na primeira tentativa).
O segundo quilómetro foi algo mais lento devido então a uma boa subida, mas logo a seguir se seguiu mais um ligeiro sobe desce, e lentamente fui passando alguns atletas. À entrada dos 3 kms já apenas me encontrava com o Bruno Lourenço no meu campo de visão, que neste momento liderava a prova. Algo que se manteve até final.
E a história da prova a nível classificativo manteve-se assim até final. O que mudou foi mesmo o meu chip mental ter mudado, pois percebi que as pernas estavam a reagir ao estímulo de uma prova rápida e tentei cerrar os dentes e aguentar o ritmo alto que o Bruno estava a manter (mesmo que estivesse bastante longe de mim). Não estava a pensar em recordes pessoais. Apenas percebi que tinha feito algo inimaginavel quando passei a linha da meta.
Quando parei olhei para o relógio e fiquei completamente num estado de surpresa: tinha acabado de bater o meu recorde pessoal por 13 segundos. Pena é que isto seja apenas no relógio, pois a prova tinha mais 150 metros que a légua, e o tempo final esse foi de 16m02s. O resultado esse foi de 2º lugar da geral, um resultado sempre agradável na minha terra e ainda para mais em final de “época”.
E assim acaba este ciclo do relato de quatro provas após ter atropelado um carro. Foi duro, houve muita dor, esforço e desconfiança que nunca nada disto seria possível. E mesmo que houvesse essa confiança, todos os resultados obtidos nestas quatro provas foram algo inacreditável e que tenho de reconhecer que é fruto de todo o trabalho que tenho vindo a fazer durante este ano, e claro, anos anteriores.
À publicação deste artigo, daqui a uns dias espero poder voltar à competição na Corrida do Tejo. Vamos a isso!
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Resultados: 21ª Légua Noturna de Odivelas
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