Nós atletas somos obcecados. Ora seja com tempos, com horários de treino, com as rotinas antes das provas, sabem os santinhos da corrida mais o quê. Mas existe algo que para mim consegue ser pior que isso tudo: seguir religiosamente o plano de treinos. Obviamente isto só é válido para quem segue um.
Entre o Grande Prêmio de Natal e o final de janeiro, seguiu-se um período bastante desconfortável psicologicamente. Foi o voltar do cancelamento das provas em massa, o abortar de objetivos, e um sentimento de desnorte total a nível de planeamento. A nível pessoal, houve ainda muita coisa em cima disto que me deu completamente volta à cabeça. Juntamente com o meu treinador, desde o momento em que a São Silvestre da Amadora foi cancelada, resolvemos tentar dar continuação ao bom momento a nível de treinos e apostar num ciclo de treinos sempre com a carga semanal em crescendo.
Estas semanas durante o mês de janeiro até não correram nada mal. Tenho consciência que arruinei tudo o o que tinha feito de bom a nível nutricional nos últimos meses e que mesmo a cabeça andava completamente fora dos treinos. Mas a coisa ia-se fazendo, sempre a cumprir o plano. Desde 20x400m a 5x6', passando por 25x300m, tudo se fez, apesar de não ter o brilhantismo do último trimestre de 2021.
O problema veio quando na última semana do ciclo, tinha um treino de 5x7' com 3' de recuperação. Nesse dia sentia mesmo que não ia dar. Mas quantas vezes já não nós sentimos assim e acabamos a fazer treinos brutais? Mas o facto de estar em plena acumulação de mazelas (principalmente uma dor nos glúteos da perna esquerda) que teimavam em não passar mesmo com tratamento e alongamentos, não estava a ajudar a enfrentar nenhum treino com confiança. Estava há semanas a treinar com dor. Nesse dito treino, fiz a primeira série e acabei com uma média 2 segundos acima do programado. Tudo ok, vamos insistir na segunda. Acabei com 10 segundos acima do que era suposto. Não valia a pena. Estava terminado o treino naquele dia.
Temos que ser exigentes connosco em todas as partes da nossa vida. Mas também temos de perceber o que é melhor para nós em cada momento. E naquele momento para mim foi o abortar o treino. Temos que ouvir o corpo e ter algum bom senso. Sei lá se tivesse insistido se não tinha acabado por rasgar alguma das mazelas que tinha?
Eu sei que não estou a dizer nenhuma novidade à maior parte de vocês, mas apeteceu-me ter esta pequena divagação. Lembrem-se: nos treinos certos e nas provas, é para deixar tudo. É para estragar. Mas não deixem de ouvir a vossa cabeça e o vosso corpo. Se hoje não dá, amanhã também é dia.
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divagações
fevereiro 21, 2022
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Nem mais! É mesmo isso! Obrigado pela partilha e bola pá frente :))
ResponderEliminarAbraço
Obrigado eu por acompanhares! Um abraço!
EliminarNão diria melhor!! Também já me aconteceu. Quando não conseguimos atingir o objetivo do treino, mais vale parar... Porque senão vai ser para estragar!
ResponderEliminarPS: Quanto ao desconforto psicológico, pensa que há outros que poderão estar igual ou pior! E até te posso dar o meu exemplo: esta época já falhei uns quantos objetivos / eventos por lesão ou por adiamento derivado da pandemia... Nacionais, Regionais, Europeu... Quando estás num pico de forma, a prova é adiada; depois quando há finalmente a prova estás lesionado...
No comments!...
Sim isto foi um dia, claro que há sempre pessoas numa situação pior! De resto é mesmo como tu disseste! Um abraço e continuação das melhoras!
EliminarAconteceu-me algo semelhante este fim de semana. Treino longo de 33k progressivos... Ao fim de 1h (11km) estava sentado à beira da estrada e a lutar comigo mesmo para reatar o treino, recomeçar. Corri mais 3km e decidi vir em ritmo lento até casa, a meio do que pretendia. Mais do que falta de capacidade física, a força mental que nunca me deixou desistir foi de férias... Tudo acontece por um motivo, não há que pensar muito no assunto... É raro, mas acontece.
ResponderEliminarFoi o melhor que fizeste, se não dá não dá. Amanhã há mais! Um abraço e bons treinos
EliminarCsafoda ... amanha é outro dia. Grande abraco
ResponderEliminarÉ isso mesmo! Muitos parabéns por Sevilha! Um abraço
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