A minha experiência com as famosas placas de carbono - Parte 2

A vida é feita de experiências. Estas experiências são o que nos moldam a personalidade e opinião sobre tudo o que nos rodeia. Depois de escrever o primeiro artigo sobre a minha primeira experiência com um modelo de ténis com placa de carbono, nunca duvidei que a minha opinião poderia alterar-se a curto prazo. Não podia estar mais certo, pois 6 meses depois, aqui estou em eu a escrever novamente sobre este assunto.


A minha primeira experiência foram com os “famosos” Adidas Adizero Pro. Comprei-os a pensar que estava a fazer uma grande habilidade pois nas análises por essa internet fora só diziam coisas boas. Depois de falar (mal) deles aqui no blog, percebi que eram um modelo odiado por essas redes sociais (se calhar eu é que estou mal, e devia pedir a opinião às redes sociais em vez de a profissionais antes de comprar qualquer coisa). Esta primeira iteração dos Adizero Pro, foi então relegada para os meus treinos de fartlek e tempo runs.


A segunda experiência já foi bem melhor. O carbono do povo, os Joma R.3000 foram uma bela surpresa mas ainda não seria desta que a minha opinião se alterava. Se face aos Adidas, estes deram-me umas sensações bem diferentes, no entanto ainda estavam longe de ser aquilo que toda a gente dizia. O facto de serem umas autênticas bailarinas em piso molhado, fez-me tomar a decisão de os experimentar em treinos longos. E acreditem, foi uma excelente decisão! Permitem-me andar a um ritmo ligeiramente superior e com um desgaste menor do que com um modelo mais “molengão”. Os meus gémeos agradecem o efeito do carbono.


A conclusão é óbvia. Só quando apanhei uma promoção jeitosa dos famosos Nike ZoomX Vaporfly NEXT% 2 (a sério, eu começo a não compreender estes nomes…), é que finalmente consegui perceber o que diziam. A minha primeira experiência foi na Corrida 125 Anos dos Bombeiros Voluntários Odivelas. Sei que nessa corrida me senti muito bem, mesmo estando desgastado de uma semana de treinos. A meio da prova consegui mudar o ritmo facilmente (e ganhar a prova) e nessa altura fiquei na dúvida se devia isso só à boa forma que estava na altura ou se os Vaporfly também tinham contribuído para isso.

As dúvidas foram tiradas em Peniche, na Corrida das Fogueiras. Não há dúvida que nessa noite, os Vaporfly fizeram a diferença. Sim eu estava provavelmente na minha melhor forma de sempre, mas o ritmo que eu consegui imprimir deveu-se sem grandes dúvidas ao efeito do carbono. Mas na minha opinião nem é a questão da propulsão que algumas pessoas dizem que sentem. O que eu senti foi que a fadiga foi atrasada e que muscularmente os Vaporfly ajudaram-me a manter principalmente os gémeos frescos e fofos. Tanto que nos últimos dois quilómetros consegui ainda acelerar e no último fazer ainda o meu melhor segmento da prova e acabar num tal estado de frescura muscular que ainda teria sido capaz de fazer mais um par de quilómetros naquele ritmo. E posso dizer que nos dias a seguir pouca ou nenhuma fadiga muscular senti. Foi uma sensação estranha. Acho que posso usar mesmo o termo que finalmente senti o tal doping tecnológico.

Não sei o que vos diga. O carbono veio revolucionar a competição e até a forma como muitos de nós treinam (eu posso estar a treinar com os modelos que referi, mas conheço e vejo muita gente a fazer treinos de qualidade com os Vaporfly e outros modelos de carbono). Se isto altera a verdade desportiva? Diria que não tendo em conta que está disponível para toda a gente. Mas pensando no preço praticado e na durabilidade e qualidade (principalmente nos modelos da Nike) que os mesmos têm, não posso deixar de pensar que isto é um retrocesso relativamente ao desporto barato e acessível que a corrida era quando comecei a correr.

Eu acabei por aplicar a velha máxima: se não os podes vencer, junta-te a eles. Só tenho pena que essa decisão ainda tenha um preço tão grande a pagar.






carbono
agosto 28, 2022
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