Análise Joma R.3000


Não há dúvida que a palavra carbono veio revolucionar o mercado dos ténis. Desde todas as polémicas que houve quando foram criados e utilizados, passando pela adaptação de todas as marcas a este novo mundo, até ao simples facto de nos habituarmos que a nossa passada pode ser quase que "manipulada" por uns simples ténis. Na verdade eu já falei sobre isto aqui. Não tenho dúvidas que vai haver uma segunda parte desse artigo.

Mas há algo ainda mais flagrante neste novo mundo carbonizado. Algo que atletas como eu não estávamos habituados: preços incrivelmente altos por uns ténis de competição. Sempre me habituei a ver modelos que iam no máximo até uns 180€, mas estávamos a falar daqueles modelos que eram para treinos longos e que era senso comum que iriam fazer cerca de 1000-1500km sem qualquer problema. Agora 300€ por um modelo que se calhar nem metade disso faz em perfeitas condições? Era inimaginável. Quanto mais dar mais do que 70/80€ por um modelo de competição, como por exemplo os Asics Flame Racer, ou os New Balance 1400v6. E é nesta luta desigual que existe no mercado, que a Joma vem abanar as coisas e trás um modelo com placa de carbono por 100€.


Os Joma R.3000 são há primeira vista um modelo esteticamente simples. Mas se isso quer dizer que são feios? Na minha opinião não. São sóbrios mas ao mesmo tempo com cores chamativas (no meu modelo). E isso acho que se transmite num modelo pelo bastante atrativo. Quando os calçamos pela primeira vez, temos uma sensação de conforto, quase como se fosse uma meia. Mas quando nos levantamos, percebemos que são um modelo com uma sola alta, e que para um rodas baixas como eu, dão-nos uma sensação muito estranha ao andar. Mas essa sensação é ainda mais estranha devido ao efeito quase de "mola" que sentimos quando damos as primeiras passadas.


Na parte superior, o material é de excelente qualidade e bastante respiráveis (algo que a Joma chama de sistema VTS). Tenho corrido com eles em diversas temperaturas, inclusive em chuva intensa, e nunca senti problemas de temperatura nos pés e muito menos problemas com os pés húmidos devido à retenção de água nos pés. Algo bastante interessante é também o peso deles versus tamanho. No meu número (41), pesam 247gr. Mas honestamente? Para o tamanho que têm, é algo que nem se repara no pé. E dado que a passada transmite uma sensação de leveza, isso ainda é mais notório. Mas é aqui que se começam a dar as diferenças: se compararmos exatamente o mesmo número dos Nike ZoomX Vaporfly Next% 2, vemos que são exatamente 60gr de diferença. Se isso irá fazer a diferença ao comum corredor? Zero. Se isso poderá fazer diferença num atleta que vai para baixo dos 35 minutos aos 10km, ou até a uma marca de 30 minutos? Talvez. 



Deixem-me dizer que estes Joma são rápidos. Em qualquer treino (e prova) que fiz, senti que realmente estava a correr com algo diferente nos pés, algo que me fazia correr de forma mais rápida. Nem sei explicar. Têm um drop de 8mm, que honestamente acaba por nem ser nem demasiado baixo, nem demasiado alto. Deixo à descrição dos fanáticos dos drops para avaliar. O amortecimento é quanto baste, bastante agradável, mas sem dar a sensação que estamos a usar uns ténis para fazer treinos super longos. E por falar em sensações, algo que finalmente senti depois do fiasco dos Adidas Adizero Pro: a "famosa" sensação de menos fadiga nos gémeos. E com esta afirmação tenho que concordar absolutamente. Mesmo correndo 20km a 3:45/km, os meus gémeos estavam frescos e fofos. Aqui parece-me que entramos no campo dos efeitos que as perneiras têm alguns atletas. Mas isso é algo que eu já discuti muitas vezes.

Mas não há bela se senão. Primeiro ponto negativo: a durabilidade. Logo após o primeiro treino, na parte branca da sola encontrei pedras perfeitamente encaixadas (podem ver na foto em baixo o sitio onde essas pedras estavam). Nunca me lembro disto acontecer com qualquer outros ténis que tive até hoje. Estamos a falar de furar mesmo o material e não ficarem pedras presas nos pequenos, digamos, pitonzinhos de plástico. A parte azul, o que penso que a Joma chama de Durability, continua em excelentes condições e é aquilo que nos prende ao chão e nos dá a tração na passada.



Por último, mas continuando no tópico da tração... a aderência. Correr com eles à chuva? Esqueçam. Durante a Corrida de Belém que foi feita com uma boa carga de chuva (pelo menos nos primeiros 10 minutos), nunca senti aderência alguma ao asfalto. Até posso acreditar que isso me tenha prejudicado o desempenho. Já há muito tempo que não experimentava uns ténis com tão pouca aderência. Mas pronto, sendo advogado do diabo, por este preço o que mais poderia pedir? E a verdade é que com tempo seco, qualquer movimento durante a passada é feito com segurança.

E dado que este artigo já vai longo, a pergunta que fica no ar é: será este o modelo com placa de carbono do "povo"? A minha resposta honesta para isto é: sim. Não sei responder quantos quilómetros irão fazer (com certeza vou demorar a ter esse feedback), mas a verdade é que todos os modelos com placa de carbono pecam nesse aspeto. A Decathlon vai lançar os Kiprun KD900X que irão ser com certeza os grandes rivais deste Joma. Acredito que até potencialmente melhores. Mas teremos de esperar para ver. Por agora, estes Joma R.3000 por 100€ (ou até valores potencialmente mais baixos), são uma aposta ganha. Quase que ponho as mãos no fogo como ninguém se irá arrepender de os comprar.

Pontos Positivos

+++ Preço
+ Conforto
+ Respirável
+ Aspecto
+ Amortecimento

Pontos "assim-assim"

+- Peso (comparando com os Nike ZoomX Vaporfly Next% 2) 

Pontos Negativos

- Durabilidade
-- Aderência







análise
maio 24, 2022
2

Comentários

  1. Experimenta as Adidas Boston 10. Comprei-as em saldos e com elas parece que vôo...

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    1. Um dia ainda tenho de experimentar as Boston mesmo! Ando há anos para comprar. Houve uma vez que tive para comprar mas apertava-me bastante de lado e acabei por não comprar...

      Eliminar

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